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Não precisa ser síndico!

  • Foto do escritor: Equipe MultiSíndico
    Equipe MultiSíndico
  • 15 de abr. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 11 de jul. de 2020

Certa vez, o faxineiro de um condomínio me procurou com a curiosa questão. Sempre que possível ele era chamado por alguns moradores para fazer “coisinhas rápidas” como ir ao banco retirar quantias ou pagar contas, como também a casa lotérica fazer uma fezinha, ou ao bar comprar cigarros; às vezes ao supermercado com a lista do mês de três ou quatro moradores. É preciso considerar que dentre esse grupo havia na sua maioria senhoras idosas e outros tão atarefados com as rotinas diárias. Em um primeiro momento, não dei a devida atenção para o fato narrado e como os demais segui com a minha agenda de compromissos, eu também tenho coisas a fazer.


Segui para o banco onde o condomínio mantinha a conta corrente e para a minha surpresa, estava lá o coitado do faxineiro com um envelope pardo nas mãos, aguardando em uma longa fila nos caixas eletrônicos. Acenei para ele ao sair da agência e segui meu caminho. Fiz tantas coisas daquele dia corrido que perdi a noção do tempo, quando fui perceber já passava das cinco da tarde.


Meu celular tocou, era a moradora do 406. Ela sempre cordial cumprimentou-me, inquiriu a cerca dos meus filhos, relatou o final de semana dela na casa da nora, enfim. Até me perguntar onde andava o faxineiro, continuou o relato: que havia pedido a ele para sacar uma pequena quantia no banco e até aquele momento ele não havia retornado. Comentou também, que não se tratava de desconfiança! Seguiu dizendo, “Até porque, ele sempre faz as coisas para mim, vez ou outra, ele almoça em casa, lava que é uma beleza, é bom menino. Pena que o horário de trabalho dele é muito curto e mandou elogios ao vasto currículo do faxineiro.”


Ao chegar no prédio, percebi que o zelador estava recolhendo o lixo com um enorme bico que demonstrava o seu descontentamento, eu não tive tempo de perguntar o motivo. Feito uma metralhadora despejou uma dezena de boas notícias: o faxineiro havia saído pela manhã para fazer o supermercado, em seguida foi à farmácia, depois a casa lotérica e por volta do meio dia foi ao banco receber as aposentadorias de quatro moradores. Ele, o zelador, teve que limpar o prédio todo, recolher o lixo e fazer tudo o que o faxineiro não pôde fazer e para finalizar, disse que ligaram do hospital municipal informando que o desalmado faxineiro havia dado entrada com escoriações e alguns ossos quebrados, no mínimo o faxineiro que já não fazia nada queria uns dias de licença, concluiu o zelador. O condomínio se fez representar no hospital com uma respeitável caravana. Ao entrarmos na sala de emergência, nos deparamos com o faxineiro deitado sobre uma maca, parecia uma múmia de tantas faixas que haviam enrolado nele. Nos chamou a atenção um volumoso envelope pardo que ele mantinha nas mãos, dentro do envelope estava a quantia de quatro aposentadorias. Nos contou que ao sair do banco, foi vítima de tentativa de assalto, porém por ser mais rápido que os ladrões, correu entre os carros mas foi atingido por um ônibus. Os ladrões assustados fugiram.


De volta ao edifício solicitei junto a administradora que enviasse a todos os condôminos as atribuições de cada personagem dessa peça teatral chamada condomínio. No caso do faxineiro ele deveria:

- Limpar as áreas comuns do condomínio;

- Cuidar bem dos equipamentos de limpeza;

- Utilizar com critério e sem desperdício os produtos de limpeza;

- Retirar o lixo do condomínio;

- Utilizar luvas apropriadas para a retirada do lixo;

- Lavar os vidros, tirando as manchas;

- Varrer o pátio e a garagem;

- Manter as escadas limpas e secas;

- Fazer a limpeza do piso com os produtos corretos determinados pelo zelador.


Na realidade não se resume a isto, são atividades diárias contínuas que não podem ser deixadas de lado. Já as minhas ultrapassam os limites do condomínio e atingem as esferas de responsabilidade civil e criminal. Não precisa ser síndico para saber disso. Compete ao síndico fazer valer os ditames da convenção, do regimento interno e das leis trabalhistas. Antes de coibir qualquer ato falho por parte dos condôminos é preciso orientá-los através de informes, que podem ser afixados no mural da recepção ou do elevador. Existem consequências para ações equivocadas e elas são sempre danosas. Por esses e inúmeros outros motivos, a comunicação dentro de um condomínio é a ferramenta mais poderosa que temos. Façamos uso dela!


Lucio Feitosa

Síndico Profissional

(Colaborando com o “colaborável”)

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